“Ele tinha
sessenta anos; um homenzinho de costas largas e não muito aprumadas, ombros
caídos e uma perna menor do que a outra, com a aparência retorcida e estranha
que encontramos muitas vezes no pessoal que trabalha no campo. Tinha a cara de
um quebra-nozes – queixo e nariz tentando se encontrar por cima da boca sumida
– , emoldurada pelos cabelos soltos, grisalhos da cor de ferro e encaracolados,
parecendo algodão salpicado de pó de carvão. E tinha olhos azuis naquele rosto
velho, autênticos olhos de garoto, com a candura que certos homens bastante
comuns conservam até o fim de seus dias, graças a um raro dom de simplicidade
de coração e retidão de alma.”
(Joseph Conrad, Juventude, L&PM Pocket, pág. 13, 2006.)