terça-feira, 25 de abril de 2017



“Nas paredes do quarto, apenas musgo. Um cheiro fétido de coisas guardadas. Objetos esverdeados pelo mofo. Tudo já degradado, tudo velho, antes mesmo do tempo. No centro do quarto, a minha cama. De madeira apodrecida, nem sei como ainda se mantém de pé. No centro da cama, o meu corpo. Dilacerado, aberto por feridas em carne viva. Repleto de nódoas roxas e amarelas. De furúnculos. Meu corpo carcomido pela ancestralidade do quarto. Impossibilitado de se movimentar. No centro do corpo, a máquina de escrever. O teclado quase todo apagado, a tinta por acabar. Minhas mãos enxovalhadas pelo sangue seco teclam, uma a uma, as letras do que escrevo.”


(Tatiana Salem Levy, A chave de casa, Ed. Record, 2007)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

literatura brasileira contemporânea

1)      "Opisanie Swiata", Verônica Stigger, 2013, Cosac Naify Editora, 160 páginas. Gênero: romance. 



Opalka, cidadão polonês, recebe uma carta de seu filho, a quem desconhecia, relatando seu estado de doença grave e suplicando ao pai que viaje até o estado do Amazonas, no Brasil, para encontrá-lo. Opalka parte. O livro relata a viagem. 


Verônica Stigger, seguindo a linha experimental de seus outros livros ("Gran Cabaret Demenzial", "Os anões", "Delírio de Damasco"), narra esta história a partir de diferentes vozes e linguagens (fotos, anúncios, pequenas chamadas...). O livro ganhou diversos prêmios, entre eles o Prêmio São Paulo de Literatura e o Prêmio Machado de Assis, ambos de 2014. 

Nesta entrevista, a autora explica como foi escrever a obra.



2)      "Rabo de baleia", Alice Sant´Anna, 2013, Cosac Naify, 62 páginas. Gênero: poesia. 





Alice Sant´Anna interliga, nesses poemas, diferentes imagens a respeito de viagens. Viagens imaginadas, segundo a autora. De forte caráter narrativo, os poemas se prendem ao que se vê, como um turista que, ao olhar ao redor, olha-se. 


Nesta entrevista, a autora conta sobre dois livros de seus livros, "Dobradura" e este.



3)      "Cinco Marias", Carpinejar, 2004, Ed. Bertrand Brasil, 123 páginas. Gênero: poesia.





Neste livro, Fabrício Carpinejar mistura as vozes de cinco eu-líricos femininos, mãe e quatro filhas, envolvidas em um mesmo conflito, cada qual com seu ponto de vista: 


" – Mãe, o que estamos fazendo?
 – Vamos enterrar a biblioteca."

4)      "Da arte das armadilhas", Ana Martins Marques, 2011, Companhia das Letras, 83 páginas. Gênero: poesia. 






Ana Martins Marques, nesta obra, divide seus poemas em duas partes: "Interiores", na qual lança a profundidade de seu olhar sobre objetos típicos de uma casa ("Colher", "Garfo", "Regador"); e "Da arte das Armadilhas", local em que, em poemas mais longos, trabalha a linguagem como armadilha, a escrita como descoberta e o amor como açúcar/sal, sol/cera. Das melhores poetas da atualidade. De Minas. 


Aqui, uma entrevista em que a autora discorre sobre o processo criativo de seu terceiro livro, "O livro das semelhanças", e sobre outras coisas mais.




Boa leitura. 
Clique aqui para continuar lendo as indicações no Facebook.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Ando colecionando frases

"Ando colecionando frases. Meu quarto está sujo e tenho dormido num colchão. A cama quebrou à noite, já faz alguns meses. Não sei qual mistério me impede de montar a outra cama, que me espera dentro do quarto ainda em suas partes: cabeceira, parafusos, estrado. É uma cama velha, se pudesse falar, me contaria uma boa história. Me diria uma boa frase."

(Clique na ilustração abaixo para continuar lendo a crônica na íntegra. Esta, em que anuncio minha coleção de frases.)