quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

+ 4 crônicas



(Ilustração de "O eremita", por Rogério Rodrigues)


Cruzamos 2022. 

Me acompanharam, nesse segundo semestre, mais 4 crônicas publicadas na Revista Mormaço

Um monte de coisas me passa pela cabeça com essa história de publicar crônicas, mas ainda não consegui organizar essas ideias todas. Então, por enquanto, elas se seguem.

"Ele partiu" é o retrato da partida de um amigo. Ele se mudou para Paris. Como dizem uns versos do Ismar Tirelli Neto, Perdi para Paris/ mais amigos do que/ tenho dedos, embora Otávio tenha sido o primeiro. 

"Hora morta" surgiu a partir de frases soltas na minha cabeça, que chegaram até mim no horário pós-trabalho, quando, pela exaustão, me sinto incapaz de pensar ou articular qualquer coisa. Apesar disso, essas frases ficavam piscando como um letreiro, fonte branca sobre fundo preto, e decidi registrá-las - uma forma de ouvir o tempo? O que penso quando não penso em nada?

“O eremita” é uma carta de tarô, uma alucinação que tive com o sol, um homem velho caminhando sozinho pelo deserto escuro, um homem velho que desapareceu, uma forma de estar no mundo. 

Por fim, para acabar o ano, 

"Saudade de umidade":

brenda,
te escrevi uma carta.
é muito estranho ter escrito uma carta para você em dezembro de 2020 e ela só chegar agora, em dezembro de 2022; do mesmo modo como é estranho eu te escrever uma carta pessoal e ela ser publicada num site; assim como é estranho eu escrever uma carta e agora estar chamando esse texto de crônica; do jeitinho que é esquisito demais eu ter nascido em pirapora e agora estar morando em BH.
acho que você entende.
é tudo uma questão de umidade.

um beijo,
do seu
d.

O ateliê de Rodrigo Mogiz

 

(Foto: Marco Marinho)


Na Revista Cupim 5, saiu uma entrevista que conduzi com o artista Rodrigo Mogiz. Seus bordados sempre me atraíram, não só por representarem questões homoafetivas, mas também por sua imperfeição, pelo excesso e pela violência, assim como por despertar memórias afetivas.

Em novembro de 2021, conheci seu ateliê, ao lado de Marco Marinho, que fez as fotografias, e pudemos conversar sobre os trabalhos, mas principalmente sobre o espaço em que estávamos: “O que pode contar sobre a obra o ateliê de um artista?”.

Com essa pergunta na cabeça, mais uma vez, nessa entrevista, acho que me aproximei de um velho desejo: dar voz aos lugares.

Um rio cai

 



No meio do ano, uma série de 3 poemas intitulada "Um rio cai" foi publicada pela Revista Opiniães (USP) e pode ser lida aqui

Tudo muito especial nessa publicação. Primeiro, porque esse número 20 da Revista foi dedicado à Cecília Meireles, uma das poetas do meu assombro. Além disso, estar escrevendo sobre rios é algo como uma conquista. Sempre tive muita dificuldade de escrever sobre aquilo que está perto. Infelizmente, agora estou longe dos rios, principalmente daquele onde nasci, mas somente nessa distância consigo escrever sobre eles, o que me serve de consolo, talvez. 

Boa leitura!

sexta-feira, 17 de junho de 2022

+ 3 crônicas

 


(Desenho de Rogério Rodrigues para "Arribação")



O ano continua passando.

Chegamos ao mês 6.

Isso quer dizer que estamos na metade do ano e que conseguimos chegar até aqui.

Mais três crônicas foram publicadas na Revista Mormaço.

"Ao pai", de abril, foi uma crônica que trouxe à tona um processo de vida, muitas conversas importantes e o início de um trabalho terapêutico. Uma crônica que moveu o mundo por aqui. Demorei um ano para escrevê-la? 28 anos, o tempo que acumulei até então, talvez seja mais exato. 28 anos para me dirigir, por escrito, a ele. 28 anos para dizer a mim mesmo: “eu não sou filho de um pai, mas de um buraco”.

Em maio, publiquei o "Dicionário sem fim de espanhol-português", meu relato de viagem em forma de dicionário ou um dicionário em forma de relato de viagem. Foi bom brincar com as palavras estrangeiras, inventar sentidos possíveis e outras impossibilidades. Catei palavras como quem compra um souvenir.

Por fim, "Arribação" narra a visita de peixes ao ralo da minha pia. Junho tem sido um mês de mudanças, muitas, o que também significa muita água, muita. Com essa crônica aprendi que se reproduzir significa migrar e que a saudade, assim como o naufrágio, são coisas que invento.

Boa leitura!

sábado, 19 de março de 2022

Três crônicas

(Ilustração de "Tato", por Rogério Rodrigues)

Eu só queria voltar a escrever crônicas.

E agora a Revista Mormaço me deu o espaço.

Todo mês vai sair uma, eu acho.

Uma crônica acompanhada de um desenho do Rogério Rodrigues

É um bom projeto para cruzar o ano, espero (o mais importante é cruzar o ano).

“Borboletas negras”, de janeiro, é uma crônica com insetos e aqueles (já) velhos não ditos.

De fevereiro, “Contaminação” foi um texto criado a partir da sujeira feita por aqui por uma única frase.

Por sua vez, "Tato", de março, é uma crônica com uma vontade imensa de tocar tudo. 

Leiam todas aqui