“Etienne era todo ouvidos. Tinha
sede de saber, de compreender esse culto de destruição, sobre o qual o mecânico
não dava senão detalhes obscuros, como se estivesse guardando mistério para si.
- Explica-te, homem. Qual é a finalidade de
vocês?
- Destruir tudo... Exterminar as
nações, os governos, a propriedade, Deus e o culto.
- Estou entendendo. Mas a que
leva isso?
- À comuna primitiva e sem forma,
a um mundo novo, ao começo de tudo.
- E os meios de execução? Como é
que vocês vão fazer?
- Pelo fogo, pelo veneno, pelo punhal. O
salteador é o verdadeiro herói, o vingador popular, o revolucionário em ação,
sem frases tiradas dos livros. É preciso que uma série de horríveis atentados
aterre os poderosos e acorde o povo.
Falando, Suvarin transformava-se,
ficava terrível.”
(Émile Zola, Germinal, Ed. Abril, página 251)