“Já se entende que o outro Vasco, o antigo, também foi moço
e amou. Amaram-se , fartaram-se um do outro, à sombra do casamento, durante alguns anos, e, como o
vento que passa não guarda a palestra dos homens, não há meio de escrever aqui
o que então se disse da aventura. A aventura acabou; foi uma sucessão de horas
doces e amargas, de delícias, de lágrimas, de cóleras, de arroubos, drogas
várias com que encheram a esta senhora a taça das paixões. D. Paula esgotou-a
inteira e emborcou-a depois para não mais beber. A saciedade trouxe-lhe a abstinência, e com o tempo foi
esta última fase que fez a opinião. Morreu-lhe o marido e foram vindo os anos.
D. Paula era agora uma pessoa austera e pia, cheia de prestígio e consideração.”
(Machado de Assis, no
conto D. Paula)