Dois poemas que escrevi foram publicados, no ano passado, em revistas literárias:
&
“Turismo”, na plaquete virtual do Coletivo Entre Outros.
Foram publicados, mas eu continuo de cá,
pensando.
Toda vez que se publica um texto, temos a
oportunidade de olhá-lo de outra maneira, por outro ângulo, sob o olhar de
algum leitor possível, suposto, inexato. Esse olhar estrangeiro, mesmo que
silencioso, é capaz de transformar radicalmente a nossa percepção sobre o
texto, tornando-o também estranho. Torna-se estranho aquilo que até então
soava tão familiar.
Ao mesmo tempo, publicar um texto também é
aceitar a restrição pelo tempo, pelo espaço, pelo suporte. Aceitar a
fixidez, a forma aparente, a casca que sobrou depois de tanto fazer e refazer,
costurar e recosturar. É esconder o avesso, demonstrar limpeza. Concluir a
faxina, esquecendo-se por um instante que a sujeira não tarda a voltar.
Foram publicados. E agora os textos podem ser lidos.
Estão disponíveis, esperando, vulneráveis.