Há horas não sou - e me pressinto
no que não sou e me visito
no relógio, no vazio do tempo
onde, irmãos na solidão,
a confidência teceu um elo
invisível a nos unir.
E me pergunto se me começo a ver no escuro
que não o desta casa mas de outra
- geografia vedada a um mesmo uso.
E penso no que serei agora:
passeio de quartos da casa que não sei,
fantasma.
(Olga Savary, Abstrata,
em Espelho provisório, 1970)