Brenda,
Já te disse que estão fazendo um curta-metragem sobre nós? O
que eles viram na gente? Quem são eles? Essa gente estranha que para sua
rotina, interrompe o semáforo, o diálogo, a gritaria, a manifestação, para
filmar, para escrever cartas, para testar caligafrias?
Disseram que nossa neblina é bonita. E que a gente se
incomoda muito com o calor. Essa gente conhece a gente, Brenda? Será que
transbordamos tão facilmente assim, que, com duas palavrinhas, já entregamos em
abundância o resultado de anos de descobrimento? Quem são Roberto e Cecília? Estou numa crise de identidade. Vejo tristeza profunda nos olhos do
ator. As pessoas veem tristeza profunda em mim? Sou tão triste assim?
Pressinto que o curta será um retrato saturado de nós dois,
como se já não houvesse expressionismo o suficiente.
Brenda, tenho medo de espelhos.
Entraremos em colapso?
Roberto
Cecília
As cartas
E pensar que a maior capacidade do homem fosse inventar, quando o que há de novo é a mais velha noção da sincronia, da similaridade e verdade que se vela na estranheza. Somos Robertos, Douglas, Cecílias e Brendas, somos uma metade vazia do todo que preenche o efêmero, o total, o Banal! Que bom ter feito parte dessa essência de todos, na singularidade madura e farta de vocês. Prazer!
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