Odyr Bernardi
terça-feira, 26 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Olhares poucos: Porto Alegre, RS
Quem procura acha
Nunca mais voltar
Paz no seu coração
Não tenho medo da vida
Estou louco por você
Amigo meu
Vacilou
Noite vem, noite vai
Daqui pra frente
Deus quis
(TNT)
Outubro/Novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
“Quando chegam os dias claros, de sol quente, quando a nossa
alma, ofegando, sente a natureza despertar, já então não suportamos mais os
presídios circunvagados, as levas! E a liberdade que ferve alhures, de que
outros participam, torna-se o nosso desejo lancinante. Nessa estação do ano,
quando a primeira cotovia desfere o seu canto, começa por toda a Rússia, assim
como na Sibéria, a marcha dos vagabundos. É então que os filhos de Deus
abandonam as prisões e se internam nas florestas. Livres dos processos maçantes,
dos fossos, das cadeias e das chibatadas, vagueiam a Deus dará, por onde lhes
apraz, por onde se sentem mais livres, comendo e bebendo o que Deus lhes joga,
dormindo à noite nos bosques ou nas planícies, sem cuidados, sem regulamentos,
como pássaros sob o olhar da Providência, apenas dando ‘boa noite’ às estrelas
do firmamento. Nada de ilusões: muitíssimas vezes é duro estar a serviço do
general Cuco; passa-se fome, urge ser esperto; às vezes se fica mais de vinte e
quatro horas sem ver um pedaço de pão, é preciso se esconder de todo o mundo,
roubar, assaltar; uma vez ou outra cortar, até mesmo, uma garganta. ‘O colono é
como uma criança: o que vê, pega’, diz um ditado siberiano. Esse provérbio se
ajusta muito mais ao modo de ser dos andarilhos. É raro que sejam bandidos, mas
comumente roubam, e isso mais por necessidade do que por cupidez. É quase
impossível eles mudarem de vida. Muitos voltam de novo à vagabundagem, depois
que saem do presídio e quando a caminho das lavouras coloniais. Supor-se-ia que
essa nova condição de colonos os contentasse; mas não; atrai-os qualquer coisa
mais adiante; têm de caminhar.”
(Dostoiévski, em Recordações
da Casa dos Mortos)
P.S.: Já me despeço da obra e, daqui a alguns dias, ela
viajará de novo para minha estante, aguardando paciente um momento de saudade.
Despedir-se de um livro, e de seus personagens, do seu cheiro, do seu modo de
ver o mundo, é como se despedir de um amigo que vai embora. É como livrar-se de
um abrigo que foi seu, e só seu, por alguns instantes. É como deixar uma
lembrança de lado, sabe aquela lembrança de infância que a gente esquece quando
cresce? É como quebrar um laço, para criar outros, inclusive com esta obra
mesmo que se vai. Algumas obras nunca vão. Mas a convivência se perde; o levar na
mochila para todo canto que se vá. Pois chega a última página, a última página
adiada. E o livro termina. O mundo acaba. Os personagens seguem seu rumo, sem o
leitor no encalço. E este conhece outros mundos, pois há sede, desejo, a fome
de quem viaja. Ler é como ser vagabundo em tempos de primavera.
(outros trechos da obra aqui e aqui).
(outros trechos da obra aqui e aqui).
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Dor elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Chegasse mais adiante.
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha.
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra.
(Itamar Assumpção e Paulo Leminski)
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