sábado, 7 de dezembro de 2013


“’Ok, vamos para minha casa’.

Eu não quero, ouviu! Eu não quero! Me deixe aqui! Eu não preciso da sua ajuda. Eu quero ficar sozinha. Eu quero ficar. Que me importa ser assaltada pelos marginais, estuprada pelos mendigos e comida pelos lobos? Que me importa que a chuva me gripe, que o vento me derrube e o diabo me carregue? Me deixe, que na minha história derramo vinho sobre sua toalha. Eu engato ré no seu carro. Eu disparo todas as balas da sua pistola. Me jogue na neve para que eu congele. Me cubra de terra para que o sol não me queime. E abra as janelas para que eu pule. Me deixe sozinha para morrer. Me deixe à mercê. Vá embora, e não apareça nunca mais por aqui. Esqueça que me conheceu. Esqueça que não me conhece. Desista de tentar. Me conhecer é impossível, mesmo com toda uma biografia. E uma funegrafia é o que eu pretendo escrever.

Não sei se ele entendeu. Mas foi.”

(Santiago Nazarian, A Morte sem Nome)

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