terça-feira, 29 de agosto de 2017

Oferendas para o velho aquático



Um deserto branco, um lamento de sirenas.
Um bombardeio noutro lugar.
Um deus que não é muita coisa.
Uma estátua de praça que se banha
desligada.

Não morrer aos trinta e três.
Um vento na praia do Diabo
que leve as peças do gamão e estrague o rádio.

A política máxima:
pentear cabelos brancos nas ondas.

Uns sulcos na cara,
um passado que ameace enxurrada
que a erosão ameaça.

Uma caravana que só passou naquela música.

(Victor Heringer,
Automatógrafo, 2011, Ed. 7Letras)

Nenhum comentário:

Postar um comentário