(Mikalojus Konstantinas Ciurlionis, Criação do Mundo II, 1906)
Tua alma lembra um mundo inacessível
Onde só astros e águias vão pairando,
Onde se escuta, trágica, cantando,
A sinfonia da Amplidão terrível!
Toda a alma que não seja alta e sensível,
Que asas não tenha para as ir vibrando,
Nessa Região secreta penetrando,
Falece, morre, dum pavor incrível!
É preciso ter asas e ter garras
Para atingir aos ruídos e fanfarras
Do mundo da tua alma augusta e forte.
É preciso subir ígneas montanhas
E emudecer, entre visões estranhas,
Num sentimento mais sutil que a Morte!
(Cruz e Sousa, Últimos Sonetos, 1905)
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