“Sei tão pouco a respeito de
olhos e de mulheres que os portam! Muito menos que Machado de Assis, por
exemplo, que, sem ser oftalmologista ou opticista, poderia reivindicar título
de doutor em olhos, e, o que é mais, em olhos femininos. Não há mulher que ele
pusesse em conto ou romance, de quem não informasse precisamente a cor, tamanho
ou expressão dos olhos: garços, vulgares, de touro, mortais, da capa da última
noite, bonitos de perto, submissos, viçosos, noturnos sem mistério, cheios de
mistérios do Nilo, cálidos, grandes que deviam ter sido infinitos quando moços,
literalmente de fogo, capazes de paixão e mando, opacos, compridos e agudos,
menos sabedores mas dotados de um mover particular – para não falar nos
faladíssimos de ressaca, ou de cigana oblíqua e dissimulada. (...) Não resta
dúvida: técnico em olho de mulher, o criador de Capitu.”
(Drummond, na crônica O outro nome do verde, retirada do livro Seleta em prosa e verso, mas orginalmente publicada no Caminhos de João Brandão)
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