“Quando me perguntou, eu baixei
os olhos. Para ver se minhas pestanas mostravam os dias e os tempos pelos quais
passei. Quando lamentou, eu sorri. Para mostrar os restos que ainda sobravam em
meus dentes. Quando me beijou, cuspi. Para saber se seu amor é branco, vermelho
ou transparente.
Para os idiotas que não sabem
ler, existe o alfabeto. E para quem não pode perceber isto é um livro. Para
quem precisa escrever, existe a vida e suas impressões digitais. Seus dez dedos
trabalhando sobre mim contam uma história mais bonita do que sobre o papel.
Dói menos do que penso, fica
marcado para sempre. Edição após edição, a vida nos ensina novas formas de
morrer. Tento todas. E no final de cada uma tenho certeza de que poderá haver
mais uma. Será que terminei? Será que terminei?”
(Trecho
retirado do romance A morte sem nome,
de Santiago Nazarian)
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