Saudade do tempo em que esta era a maior dificuldade da vida...
sábado, 20 de agosto de 2011
À família, aos amigos
Semana difícil. De lágrimas, medo, ódio, desespero, tristeza, desesperança. Semana na qual aprendi muitas coisas, cheguei a novas conclusões, confirmei aquelas que já sabia, me conheci um pouco mais.
Entendi, na prática, o velho (e ainda tão atual) ensinamento aristotélico: “O homem é um animal político” e tudo que se refere a ele também é. E isso não é bom. Aprendi que não se deve contar com o amanhã, pois nada se sabe dele por mais que se planeje. Concluí que eu não tenho controle sobre nada, desde as minhas lágrimas até o meu próprio futuro. E que a vida, ou as leis do universo, ou Deus podem gozar da minha cara. Em meio a tanto caos interno, pude perceber que não estou sozinho nessa vida louca e estranha, por mais que ás vezes queira estar. Sobretudo, pude perceber que sem amigos e família não dá.
Portanto, agradeço aqui (apesar de que sei que quase ninguém vai ler) por todo o apoio, a amizade, o amor a mim.
Obrigado...
Aos colegas de sala pelo respeito.
Aos professores pelas sugestões e alternativas.
A Dani e Júnior pela prontidão.
A Pedro (do cursinho) pelo “apoio político”.
Ao meu tio Zinho pelos contatos.
A minha tia Vilma pela oração.
A minha avó pela tranqüilidade.
A Samuel pela ajuda e pelo “Deixa de ser besta, Douglas!”.
A Júlio por me lembrar que o futuro pode ser bom.
A Marina pela preocupação.
A Thaís pelas piadas ruins.
A Tiago por me ensinar atuar.
A Rafael pelo desespero guardado, pelo silêncio, pelo entender.
A Luciano por me fazer rir nas horas certas, nos momentos impróprios.
A Jordana pelo cafuné.
A Anália pelo abraço.
A Lucas pelo interurbano.
E a minha mãe, por me amar simplesmente.
Obrigado, galera.
***
Música final de filme e trilha sonora para a vida em câmera lenta:
A Rush Of Blood To The Head - Coldplay
Quem faz as minhas suturas
Não há médicos, psicólogos, conselhos. Há música.
Em dias normais ouço tudo que gosto: Arctic Monkeys, Chico Buarque, Little Joy, Marcelo Camelo, Cazuza, Carpenters, Suede... No entanto, em dias tristes, quando me tranco dentro de mim e as lágrimas denunciam o meu estado, não há lugar para nenhuma outra banda, só cabe uma, a melhor: Los Hermanos. Obviamente também a ouço em dias felizes ou corriqueiros. Mas na melancolia, ela é única.
É impressionante o poder que os Hermanos têm de me cicatrizar. E o quão terapêutica é a voz arrastada do Amarante e os seus versos cheios de sutilezas, perguntando-me:
“E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria?”
(O velho e o moço)
Sem falar nas belas canções do Camelo, que especialmente nos últimos dias deram voz e acordes a tudo que sentia, às conclusões as quais cheguei:
“E ao amanhã a gente não diz”
(Pois é)
“Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé me abandonou”.
(O pouco que sobrou)
“O mundo todo é hostil.”
(De onde vem a calma)
“Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder.”
(De onde vem a calma)
(...)
Ás vezes eu só deito na cama, coloco o último CD (4) e deixo que as letras e arranjos façam o seu trabalho. Após ouvi-lo por algumas vezes, levanto bem, pronto pra outra. Funciona com o stress, o desespero, o cansaço. Funcionou essa semana mais uma vez e funcionará de novo, quando necessário. É o meu remédio. Com ele, tudo fica melhor.
sábado, 13 de agosto de 2011
Descobrindo Gustave Courbet
Tenho apreço à realidade. Apesar de necessitar do escapismo que a leitura e a escrita proporcionam. Mas mesmo nessas fugas, ainda prefiro os caminhos concretos aos fantasiosos demais. Sobretudo, gosto de descobrir novas realidades. Essa semana, descobri a do Gustave Courbet.
Pintor francês do século XIX, Courbet inaugurou o movimento realista nas artes. O argumento é bem plausível: ele dizia que só podia pintar aquilo que via. Assim como eu só gosto de ler e escrever sobre aquilo que há. Gostei desse cara.
O pintor de Adormecidas e Os quebradores de pedra desprezava os acadêmicos e suas obras padronizadas. As tendências vigentes na época obedeciam, ainda, ao rigor clássico, inclusive temático: os nus não eram nus de fato; Afrodites e Apolos ainda eram escolhidos como modelos. Courbet disse “não mais” a esse tipo de arte e pintou A origem do mundo, em 1866:
Esta, sem dúvida, é a sua obra mais marcante, por motivos óbvios. Porém, ainda não é a minha preferida. O quadro que me fez fixar os olhos mais demoradamente no seu autor foi Autorretrato, 1845.
O olhar desesperado do pintor encontrou os meus olhos também desesperados. Fiquei ali olhando, paralisado, tentando decifrar as angústias dele, já sabendo as minhas. Encontrei-me naquela expressão forte, apesar de não me conseguir expressar tão eloquentemente. O Gustave Courbet que encontrei, pintado e amedrontado, foi a minha voz, as minhas cores, a minha face, eu.
Autorretrato
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