sábado, 8 de outubro de 2011

O luar e a sonata



As mãos graciosas flutuavam pelo piano. O bailar dos dedos finos produziam música. A melodia onírica inundava-lhes os ouvidos, o coração, a alma. Os pés descalços não mais tocavam a cerâmica fria. Voavam.

O homem sentado na poltrona fechara os olhos ao primeiro acorde. Não dormia. Não sonhava. Ouvia. E bastava.

A pianista, de expressão dura, personificava a dor da harmonia. Beethoven era sofrimento. Amargura.

Pela janela aberta, as notas musicais escaparam. Na fuga, encontraram o luar, sem estrelas, sem mar. 

Na cortina negra, a sonata se entregou à cândida esfera: um encontro de belezas infinitas. 

2 comentários:

  1. "Beethoven era sofrimento. Amargura." depende do estado da alma de quem o escuta.

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  2. Sim. Mas talvez nem seja um estado de alma, apenas interpretação. Não consigo interpretar Beethoven de outra forma.

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