As mãos
graciosas flutuavam pelo piano. O bailar dos dedos finos produziam música. A
melodia onírica inundava-lhes os ouvidos, o coração, a alma. Os pés descalços
não mais tocavam a cerâmica fria. Voavam.
O homem
sentado na poltrona fechara os olhos ao primeiro acorde. Não dormia. Não
sonhava. Ouvia. E bastava.
A pianista, de
expressão dura, personificava a dor da harmonia. Beethoven era sofrimento. Amargura.
Pela janela aberta,
as notas musicais escaparam. Na fuga, encontraram o luar, sem estrelas, sem mar.
Na cortina
negra, a sonata se entregou à cândida esfera: um encontro de belezas
infinitas.
"Beethoven era sofrimento. Amargura." depende do estado da alma de quem o escuta.
ResponderExcluirSim. Mas talvez nem seja um estado de alma, apenas interpretação. Não consigo interpretar Beethoven de outra forma.
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