sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“Vou abrir a porta para você entrar”


Amanhecendo, saindo de casa, indo à Viçosa, para uma vida nova
               

                Após tantos posts sobre angústia e blá blá blá melancólico e preocupado, parece estranho aos meus olhos escrever sobre as boas notícias atuais. Pois bem, AMANHECEU. Vou mudar de cidade, cursar Direito na Federal de Viçosa - MG. Vou sair desse sertão norte-mineiro e migrar para terras mais frias. Por lá, espero permanecer pelos próximos cinco anos da minha vida, no mínimo. A mudança pela qual tanto esperei está aqui, encarando-me de frente, e tudo está me parecendo absolutamente normal. 

                O ano passado foi quase inteiramente dedicado a esse objetivo. Ou melhor, a minha vida inteira serviu para culminar neste ponto. Foram dezoitos anos de preparação, e não um apenas. Todos os segundos respirados parecem fazer algum sentido agora, como se fossem peças de um milimétrico quebra-cabeças: a família certa, os amigos certos, quem diria, a escola certa, o ambiente correto. Estou orgulhoso de mim, e não apenas pelo resultado, que não foi nada de extraordinário, mas pelo todo que me tornei. Gosto muito do Douglas de agora. E estou pronto para começar a acrescentar-lhe peças novas. 

                A primeira viagem à nova cidade foi a minha última prova de fogo. Viçosa me recebeu com fúria, tempestade, árvores caídas na estrada, curvas, neblina. Durante a chegada quase interminável, havia apenas silêncio dentro do carro e somente a voz confiante do GPS quebrava o gelo, o medo, as orações. Vencida a prova, abrandada a chuva, na entrada da cidade, já com o som do carro ligado para espantar energias ruins, Rita Lee ofereceu-me o prêmio final: um terno abraço de boas-vindas, cantando Doce Vampiro: “Mas nada disso importa, vou abrir a porta para você entrar (...)”. Entrei. E lá vou ficar.



A fúria na estrada

                O mais estranho de tudo é que, como mencionado no primeiro parágrafo, não há frio na barriga nem medo nem ansiedade. Estou normal quanto à mudança, “escolinha” nova e pessoas diferentes. Estou anestesiado. Quero começar a viver logo tudo isso para que os sentidos possam retornar a mim. Nem que seja aquela melancolia que me acompanha sempre e que agora, comigo distante (dos outros) ou mais próximo (de mim), será acrescida de saudade. Por enquanto, a serenidade está reinando, pois sei que o caminho certo é exatamente este. Já posso voltar a ler normalmente, escrever o que quiser, encontrar amigos e me divertir enquanto não parto. Estou de férias e de mudança. 


 (Doce Vampiro - Rita Lee)

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