terça-feira, 22 de maio de 2012

Violando a correspondência

De: Douglas de Oliveira Tomaz
Para: Stefani Martins


Viçosa - MG, 13 de maio de 2012
              (...)

              A Universidade, não somente a UFV, mas a Academia em geral, me desencanta a cada dia. Talvez eu a tenha idealizado demais. Pensei que encontraria pessoas determinadas, cada qual com sua ideologia, cada qual querendo mudar seu mundo, ou o mundo inteiro, por que não? Idealizei uma juventude mais politizada, pensante. Afinal, esse seria o melhor espaço para reflexão, questionamento, críticas. Esse seria o lugar de quem pensa. E eu digo que não é só de quem pensa. A maioria prefere calar o pensamento.

                Li num muro aqui da UFV a seguinte frase-desabafo: “A Universidade me deixou burro”.         Logo entendi a razão do desespero: a universidade está engessada. É uma gaiola de conhecimentos pré-prontos que recebemos por osmose, passivamente. Eu aprendo sobre leis, você sobre fatos históricos, mas quem vai ensinar o que importa? Quem vai nos ensinar a pensar, e não apenas a decifrar disciplinas? Quem vai nos ensinar a ir além?

   O nosso sistema pré-fabricado caminha, caminha, caminha e sinceramente, não sei (e ele também não sabe) para aonde vai, se é que está indo. A frase no muro foi apagada pela universidade. Passaram-lhe tinta branca por cima e tudo voltou a ser como era: muro vazio, irreflexivo. A universidade é quadrada, querida Stefani. Quadrada e enquadrante.
   (...)

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