Para: Stefani Martins
Viçosa - MG, 13 de
maio de 2012
(...)
A Universidade, não somente a
UFV, mas a Academia em geral, me desencanta a cada dia. Talvez eu a tenha
idealizado demais. Pensei que encontraria pessoas determinadas, cada qual com
sua ideologia, cada qual querendo mudar seu mundo, ou o mundo inteiro, por que
não? Idealizei uma juventude mais politizada, pensante. Afinal, esse seria o
melhor espaço para reflexão, questionamento, críticas. Esse seria o lugar de
quem pensa. E eu digo que não é só de quem pensa. A maioria prefere calar o
pensamento.
Li
num muro aqui da UFV a seguinte frase-desabafo: “A Universidade me deixou
burro”. Logo entendi a razão do
desespero: a universidade está engessada. É uma gaiola de conhecimentos
pré-prontos que recebemos por osmose, passivamente. Eu aprendo sobre leis, você
sobre fatos históricos, mas quem vai ensinar o que importa? Quem vai nos
ensinar a pensar, e não apenas a decifrar disciplinas? Quem vai nos ensinar a
ir além?
O nosso
sistema pré-fabricado caminha, caminha, caminha e sinceramente, não sei (e ele
também não sabe) para aonde vai, se é que está indo. A frase no muro foi
apagada pela universidade. Passaram-lhe tinta branca por cima e tudo voltou a
ser como era: muro vazio, irreflexivo. A universidade é quadrada, querida
Stefani. Quadrada e enquadrante.
(...)
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