Brenda,
a gente cresce, a vida caminha desenfreada, deixando os
restos para trás, sem dó, sem pausa, avança, avança, e a gente se perde, a
gente se desencontra, para depois se reencontrar, para depois se perder outra
vez, depressa, espuma, vento, invisível, falta de ar. Assisti a “E a sua mãe
também”, filme mexicano de 2001, do diretor Alfonso Cuáron. Ele conta a
história de três pessoas – dois adolescentes descobrindo sua sexualidade e uma
moça que chora – três pessoas indo
juntas pela estrada em direção a uma praia que pode não existir, imaginada. O
ponto de chegada é sempre um novo ponto de partida carregado de mistérios. Após
o término, deitei-me na cama e fiquei me contorcendo de dor, porque, como você
disse um dia, ‘poesia dói demais, Roberto’. Perdi um amigo em função do tempo e
de ter encontrado, um dia, a praia que achávamos que pudesse existir. O
encontro me levou a desencontros e a novos lugares. Valerá a pena insistir?
Valerá a pena continuar na estrada, tentando? Assista ao filme, depois me conte
o que achou. Me senti como se caísse uma pedra muito grande dentro de mim, e do
impacto surgissem ondas, ondas d’agua
querendo atingir a margem, sem atingir.
(do
filme E a sua mãe também, de Alfonso
Cuáron, México, 2001)
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