Anajá,
o que há de comum entre um quarto e o mundo inteiro? O que
há de pequeno no mundo, e o que há de grandioso num cômodo? O que é gigante, o
que é diminuto? Duas mulheres desconhecidas se encontram em Roma. Quantas
pessoas no mundo se encontram pela primeira vez agora? Duas mulheres
desconhecidas passam uma noite juntas, descobrindo-se, mentindo uma para a outra,
inventando histórias, nomes, inventando verdades, passado e futuro incertos.
Duas mulheres transam num quarto de hotel em Roma, porque sexo também é descobrimento.
Quantas pessoas no mundo sabem disso? Um quarto em Roma é um filme sobre
escalas. Num zoom poderoso e intenso, ele abandona a perspectiva macro e se
aproxima, aos poucos, ao que há de mais íntimo na vida das duas personagens: a
nudez, o sexo, a mentira, a verdade. Ao chegar a essa vista, um susto: o que é
micro vira macro, o que é quarto vira o mundo inteiro, mundos inteiros,
vastidão e mistério. O que cabe dentro de uma mulher? O que acontece quando
duas se encontram? O que é o encontro, senão um choque de realidades? Desse
choque, pode nascer um universo. Duas mulheres se encontram num quarto em Roma.
Nada mais. O resultado disso é cinema e está para além da janela.
(do filme Um quarto em Roma, diretor Julio
Medem, Espanha, 2010)
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