quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Alguém, trajado de seda branca

Alguém, trajado de seda branca, percebe que não pode
despertar; pois está desperto e perturbado pela realidade.
Assim se refugia medrosamente no sonho, e permanece de
pé no parque, sozinho no negro parque. E, a festa é longe.
E a luz mente. E a noite o envolve, fresca. E pergunta a uma
mulher que para ele se inclina:
“És tu a noite?”
Ela sorri.
Então, ele se envergonha de seu traje branco.
E quereria estar longe, sozinho, armado.
Completamente armado.



(Rainer Maria Rilke, A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke. Tradução: Cecília Meireles. Biblioteca Azul, 2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário