sábado, 3 de setembro de 2011

69 Praça da Luz - Documentário




           Somos todos muito bitolados e não entendemos o quão complexas são as coisas. E não digo complexas no sentido de difíceis, mas no sentido de amplas. Não existem apenas dois lados de determinadas situações, mas vários. Infelizmente, não nos aprofundamos suficientemente em alguns assuntos para conhecer todas essas faces – e nem é possível conhecê-las todas em todos os casos. No entanto, é possível deixar de pensar de forma tão mesquinha e limitada e começar a entender a grandeza das coisas.              

Documentários têm essa característica muito forte: fazer-nos enxergar além. Com 69 – Praça da luz não foi diferente. O que pensar de mulheres, com idade avançada, que se prostituem? Por que elas fazem isso? Falta de opção, pobreza, azar na vida? Talvez, a princípio, mas não é só isso. A Geisa, a Silvania, a Ana Zilda, a Emília e a Claudete deste documentário o fazem porque querem, porque gostam. Sendo assim, por que não?

É na Praça da Luz, em São Paulo, que essas mulheres – tão surradas pela vida – trabalham, sustentam-se e são felizes. Obviamente não dá para fazer dessa felicidade uma regra e eu não estou levantando aqui a bandeira da prostituição. Estou apenas satisfeito em conhecer mais um lado, inusitado talvez, mas real. Totalmente real. 

E se é assim que elas encontram a beleza da vida e sentem prazer em vivê-la, que assim seja. O que não devemos, pretensiosos que somos, é tentar demarcar o que é certo e o que é errado e querer encaixar todo mundo ali. Pois é o que fazemos quando estamos de viseiras. Quando não percebemos que todo mundo é cada um. E que cada um ainda é muito, porque somos tanto. 

Assistir a documentários como esse é mais do que conhecer, é aprender a respeitar a infinidade do outro, das outras, dessas mulheres – calejadas, e absolutamente dignas – da Praça da Luz.
 

          Como o assunto é um documentário, hoje não irei indicar músicas, mas outro. Este se chama Dois Mundos e se trata de deficientes auditivos que fizeram transplante ou usam aparelho e que agora podem ouvir. O mais interessante – e o raciocínio sobre novas realidades continua aqui – é perceber que alguns deles, mesmo agora conhecendo os sons, preferem o silêncio. 



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