sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sê-los, o curta-metragem

Brenda,
Já te disse que estão fazendo um curta-metragem sobre nós? O que eles viram na gente? Quem são eles? Essa gente estranha que para sua rotina, interrompe o semáforo, o diálogo, a gritaria, a manifestação, para filmar, para escrever cartas, para testar caligafrias?
Disseram que nossa neblina é bonita. E que a gente se incomoda muito com o calor. Essa gente conhece a gente, Brenda? Será que transbordamos tão facilmente assim, que, com duas palavrinhas, já entregamos em abundância o resultado de anos de descobrimento? Quem são Roberto e Cecília? Estou numa crise de identidade. Vejo tristeza profunda nos olhos do ator. As pessoas veem tristeza profunda em mim? Sou tão triste assim?
Pressinto que o curta será um retrato saturado de nós dois, como se já não houvesse expressionismo o suficiente.
Brenda, tenho medo de espelhos.
Entraremos em colapso? 

 Roberto

 Cecília

As cartas

Um comentário:

  1. E pensar que a maior capacidade do homem fosse inventar, quando o que há de novo é a mais velha noção da sincronia, da similaridade e verdade que se vela na estranheza. Somos Robertos, Douglas, Cecílias e Brendas, somos uma metade vazia do todo que preenche o efêmero, o total, o Banal! Que bom ter feito parte dessa essência de todos, na singularidade madura e farta de vocês. Prazer!

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