segunda-feira, 30 de junho de 2014

Tentativa de resenha: Antiga Alegria, de Kelly Reichardt

Thiago,
cada amigo tem um tempo-espaço. Cada um vive seu próprio relógio-calendário. Não se engane, não existe verdade. Às vezes, alguns tempos se encontram em espaços também similares. Mas é encontro fugaz, rápido, passageiro, logo vai. O que se há de fazer depois, quando o que resta são desencontros, é entender a teoria dos tempos-espaços desiguais. Em Antiga Alegria, dois amigos se reencontram depois de um tempo de hiato. O hiato permite respirar, o hiato permite desvencilhar-se, procurar o novo, mudar com o caminhão cheio de caixas vazias. Os amigos fazem um passeio juntos pela floresta. Eles se perdem. Eles se silenciam. Eles se olham pouco, não se reconhecem mais. O silêncio é sinal do descompasso. Pesa, incomoda, desintimidade. É apenas alegria esgotada, um deles pondera, num dos poucos diálogos. Há espera. Há água, floresta. Algo grande pode vir à tona, acontecer, mas espera. Espera no olhar, na boca querendo dizer, mas fechada. Pouco ou nada vai acontecer, no filme e na vida além que ele carrega. É o fim de uma era. 


(do filme Antiga Alegria, de Kelly Reichardt, USA, 2006)

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