quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tentativa de resenha: “Um quarto em Roma”, de Julio Medem

Anajá,
o que há de comum entre um quarto e o mundo inteiro? O que há de pequeno no mundo, e o que há de grandioso num cômodo? O que é gigante, o que é diminuto? Duas mulheres desconhecidas se encontram em Roma. Quantas pessoas no mundo se encontram pela primeira vez agora? Duas mulheres desconhecidas passam uma noite juntas, descobrindo-se, mentindo uma para a outra, inventando histórias, nomes, inventando verdades, passado e futuro incertos. Duas mulheres transam num quarto de hotel em Roma, porque sexo também é descobrimento. Quantas pessoas no mundo sabem disso?  Um quarto em Roma é um filme sobre escalas. Num zoom poderoso e intenso, ele abandona a perspectiva macro e se aproxima, aos poucos, ao que há de mais íntimo na vida das duas personagens: a nudez, o sexo, a mentira, a verdade. Ao chegar a essa vista, um susto: o que é micro vira macro, o que é quarto vira o mundo inteiro, mundos inteiros, vastidão e mistério. O que cabe dentro de uma mulher? O que acontece quando duas se encontram? O que é o encontro, senão um choque de realidades? Desse choque, pode nascer um universo. Duas mulheres se encontram num quarto em Roma. Nada mais. O resultado disso é cinema e está para além da janela. 


(do filme Um quarto em Roma, diretor Julio Medem, Espanha, 2010)

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